Oi gente! Tudo bem? Vamos começar o mês de agosto bem? Aqui vai a segunda parte do meu conto e quem não leu a primeira é só clicar aqui.
Capítulo 2
"Onde você estava mocinha?"
"No jogo do Eric pai. Olha, eu nem demorei." Respondo chegando
em casa e vejo que os dois estão com folhas pra todo lado na sala.
"Vou dormir. Boa noite pra vocês. Dificuldade em Química, Bê?"
"Mais ou menos isso." Ele responde me olhando com um brilho no
olhar que nunca vi antes.
Vou para o meu quarto e me lembro de todos os momentos que eu e o Eric
já tivemos. Depois do jogo, a gente tomou um milk-shake e ficou andando por uma
pracinha ali perto. Ele me disse o quanto me amava e que mesmo sendo clichê,
sabia que seríamos felizes até depois do sempre. Ele me faz tão feliz e mesmo
com todos os defeitos dele, eu o amo. Como nunca amei ninguém. E olha que só
amei um homem até hoje: meu pai. Ele não é como os “mitidões” dos filmes
americanos ou os playboys que se aproveitam das mocinhas. Eu consigo ver e
sentir o coração dele, que está comigo. E o meu, está com ele. Só tive e tenho
um namorado, mas sei o que é o amor. É esse vazio no peito que sinto toda vez
que ele vai embora e que se completa quando penso nele e que eu sei o quanto
ele me ama de verdade. Caramba. Nunca estive assim! Será que preciso de cura
para o amor? Só se for o Eric. Essa ligação que a gente tem, esse filme de
romance eterno, essa música romântica que não tem fim. Esse nó que nunca, nunca
vai separar a gente.
***
No dia seguinte, durmo não sei por quanto tempo e me assusto com o relógio: meio
dia! Nossa, como eu dormi! Tenho que sair correndo para o salão da escola,
fazer o teste de som, ver se o piano está pronto e ir me arrumar! O vestido que
a Magri me deu é todo azul. Parece que eu acabei de surgir das águas do oceano.
Segundo ela, posso até ser chamada de filha de Poseidon. "Magri? Quem é
essa?" Minha mãe, madrinha, tia, amiga. A Ingrid, amiga dos meus pais. Apelidei
ela de Magri. MA de mãe mais GRI de Ingrid. Ela é tão bonita quanto a Julia
Roberts. Não é tão velha e na verdade, nem meu pai. Fico pensando se nunca
rolou nada entre os dois. Tão alegres, tão amigos...
Tenho que me concentrar. A apresentação é hoje e é a minha segunda em
público! Com 14 anos, meu pai achou que já era hora de me “apresentar pra
sociedade”. E em um dos eventos do instituto dele, eu acabei abrindo com chave
de “Oscar”. Porque, modéstia à parte, eu dei um show naquele dia. Toquei uma
música composta por ele e nem fiquei tão nervosa. Não sei por que estou assim
agora. Ah, me lembrei! Hoje, se a minha mãe ainda estivesse viva, seria o
aniversário dela. Vou tocar como nunca. E esse vai ser meu presente pra ela.
Antes de ir rumo à escola vejo uma mensagem no meu celular:
“Tenho que ir à Paraopeba. Emergência de família. Sinto muito. Mas vejo
você à noite. Vai arrasar, eu sei. Te amo.”
***
"Nic e Clari. Vocês são as próximas."
"Nic, você está linda."
"Claro que eu tô, Clarice. Você viu o Eric?
Ele prometeu que vinha me ver. Ops. Desculpa. Nos ver. Esqueci de você. Se bem
que eu acho que depois de ontem, ele não vem nunca mais."
"Como é que é Nicole?"
"Olha, já é nossa vez. Vamos."
Se eu falo que essa menina precisa de médico
ninguém acredita. O que ela estava fazendo com o meu namorado? Vou esquecer
essa paranoia da Nic. Ano que vem ela vai para Nova York e me deixa em paz com
o Eric. Há muito tempo, não somos amigas como antes. E espero que esse tempo
que ela vai gastar dançando em uma excelente escola de dança, sirva para alguma
coisa.
Enquanto começo com pequenas notas, ela sai do
centro e faz movimentos leves. O piano e minhas mãos começam a criar novas
melodias, até que todos na plateia reconhecem a música e vão ao delírio.
Enquanto isso, Nicole aumenta os passos e começa com movimentos mais pesados,
intensos... Calma aí. A gente não ensaiou anteontem que era para serem leves e
precisos? O que ela está fazendo? Chamando atenção pra ela ao invés de nós duas?
Não quero ser metida, mas somos uma dupla. E se ela não estivesse fazendo
palhaçada, seríamos nós duas as contempladas. Ela vai para os EUA. Meu Deus!
Qual o problema dessa garota? O problema não é só meu namorado. Sou eu por
inteira! Ela quer a minha vida ou o que? Mas eu tenho um plano.
Começo a tocar mais lento ainda do que exige o
script. Agora ela é obrigada a parar de ser estúpida e dançar conforme a
música. Sempre amei esse ditado, e ele serve mesmo, eim? Agora sim, como
ensaiamos. Mas ela me manda um olhar 49.1 que me distrai. Só na cabeça, porque
o coração está concentrado na melodia, nas notas e no piano.
A música acaba e levanto da minha cadeirinha para
ir ao seu encontro no centro do palco, para aos agradecimentos. Nunca estive
tão feliz nessa segunda apresentação e escuto muitas palmas. Será que o Eric
está ali também? Bom, ele prometeu que iria, mesmo com a tal emergência
familiar. A esperança de ser abraçada pelo meu pai, orgulhoso, e o amor da
minha vida, depois que eu sair dali, é gratificante e faz com que eu aguente
mais uma eternidade, se for preciso, ao lado da Nicole.
De repente, ouço um estampido, fico tonta, não vejo
mais nada e somente sinto uma dor no abdômen que me corrói. Tudo ao meu redor
fica preto, mas sinto que as mãos de Nicole me seguram, porque seu tutu encosta
na minha pele descoberta pelo vestido. As pessoas param de bater palmas e
escuto vozes gritando meu nome, mas não consigo identificar de quem. Meu corpo
todo começa a arder. Agora sinto algo pegajoso e denso em atrito com Nicole.
Sangue! Calma, eu levei um tiro? Não. Quem faria algo assim comigo? A única
pessoa nestes últimos dias que teria coragem o suficiente para mirar uma arma
para mim está do meu lado. E é sua voz que escuto, antes de apagar
completamente.
"Agora, mais alguém vai ter o que merece e
você Clari, vai perder tudo junto ao sangue."
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