sábado, 1 de agosto de 2015

[Conto Original] Quando o amor aparece - Cap. 2

Oi gente! Tudo bem? Vamos começar o mês de agosto bem? Aqui vai a segunda parte do meu conto e quem não leu a primeira é só clicar aqui


Capítulo 2


"Onde você estava mocinha?"
"No jogo do Eric pai. Olha, eu nem demorei." Respondo chegando em casa e vejo que os dois estão com folhas pra todo lado na sala.
"Vou dormir. Boa noite pra vocês. Dificuldade em Química, Bê?"
"Mais ou menos isso." Ele responde me olhando com um brilho no olhar que nunca vi antes.
Vou para o meu quarto e me lembro de todos os momentos que eu e o Eric já tivemos. Depois do jogo, a gente tomou um milk-shake e ficou andando por uma pracinha ali perto. Ele me disse o quanto me amava e que mesmo sendo clichê, sabia que seríamos felizes até depois do sempre. Ele me faz tão feliz e mesmo com todos os defeitos dele, eu o amo. Como nunca amei ninguém. E olha que só amei um homem até hoje: meu pai. Ele não é como os “mitidões” dos filmes americanos ou os playboys que se aproveitam das mocinhas. Eu consigo ver e sentir o coração dele, que está comigo. E o meu, está com ele. Só tive e tenho um namorado, mas sei o que é o amor. É esse vazio no peito que sinto toda vez que ele vai embora e que se completa quando penso nele e que eu sei o quanto ele me ama de verdade. Caramba. Nunca estive assim! Será que preciso de cura para o amor? Só se for o Eric. Essa ligação que a gente tem, esse filme de romance eterno, essa música romântica que não tem fim. Esse nó que nunca, nunca vai separar a gente.

***

No dia seguinte, durmo não sei por quanto tempo e me assusto com o relógio: meio dia! Nossa, como eu dormi! Tenho que sair correndo para o salão da escola, fazer o teste de som, ver se o piano está pronto e ir me arrumar! O vestido que a Magri me deu é todo azul. Parece que eu acabei de surgir das águas do oceano. Segundo ela, posso até ser chamada de filha de Poseidon. "Magri? Quem é essa?" Minha mãe, madrinha, tia, amiga. A Ingrid, amiga dos meus pais. Apelidei ela de Magri. MA de mãe mais GRI de Ingrid. Ela é tão bonita quanto a Julia Roberts. Não é tão velha e na verdade, nem meu pai. Fico pensando se nunca rolou nada entre os dois. Tão alegres, tão amigos...
Tenho que me concentrar. A apresentação é hoje e é a minha segunda em público! Com 14 anos, meu pai achou que já era hora de me “apresentar pra sociedade”. E em um dos eventos do instituto dele, eu acabei abrindo com chave de “Oscar”. Porque, modéstia à parte, eu dei um show naquele dia. Toquei uma música composta por ele e nem fiquei tão nervosa. Não sei por que estou assim agora. Ah, me lembrei! Hoje, se a minha mãe ainda estivesse viva, seria o aniversário dela. Vou tocar como nunca. E esse vai ser meu presente pra ela.
Antes de ir rumo à escola vejo uma mensagem no meu celular:
“Tenho que ir à Paraopeba. Emergência de família. Sinto muito. Mas vejo você à noite. Vai arrasar, eu sei. Te amo.”

***

"Nic e Clari. Vocês são as próximas."
"Nic, você está linda."
"Claro que eu tô, Clarice. Você viu o Eric? Ele prometeu que vinha me ver. Ops. Desculpa. Nos ver. Esqueci de você. Se bem que eu acho que depois de ontem, ele não vem nunca mais."
"Como é que é Nicole?"
"Olha, já é nossa vez. Vamos."
Se eu falo que essa menina precisa de médico ninguém acredita. O que ela estava fazendo com o meu namorado? Vou esquecer essa paranoia da Nic. Ano que vem ela vai para Nova York e me deixa em paz com o Eric. Há muito tempo, não somos amigas como antes. E espero que esse tempo que ela vai gastar dançando em uma excelente escola de dança, sirva para alguma coisa.
Enquanto começo com pequenas notas, ela sai do centro e faz movimentos leves. O piano e minhas mãos começam a criar novas melodias, até que todos na plateia reconhecem a música e vão ao delírio. Enquanto isso, Nicole aumenta os passos e começa com movimentos mais pesados, intensos... Calma aí. A gente não ensaiou anteontem que era para serem leves e precisos? O que ela está fazendo? Chamando atenção pra ela ao invés de nós duas? Não quero ser metida, mas somos uma dupla. E se ela não estivesse fazendo palhaçada, seríamos nós duas as contempladas. Ela vai para os EUA. Meu Deus! Qual o problema dessa garota? O problema não é só meu namorado. Sou eu por inteira! Ela quer a minha vida ou o que? Mas eu tenho um plano.
Começo a tocar mais lento ainda do que exige o script. Agora ela é obrigada a parar de ser estúpida e dançar conforme a música. Sempre amei esse ditado, e ele serve mesmo, eim? Agora sim, como ensaiamos. Mas ela me manda um olhar 49.1 que me distrai. Só na cabeça, porque o coração está concentrado na melodia, nas notas e no piano.
A música acaba e levanto da minha cadeirinha para ir ao seu encontro no centro do palco, para aos agradecimentos. Nunca estive tão feliz nessa segunda apresentação e escuto muitas palmas. Será que o Eric está ali também? Bom, ele prometeu que iria, mesmo com a tal emergência familiar. A esperança de ser abraçada pelo meu pai, orgulhoso, e o amor da minha vida, depois que eu sair dali, é gratificante e faz com que eu aguente mais uma eternidade, se for preciso, ao lado da Nicole.
De repente, ouço um estampido, fico tonta, não vejo mais nada e somente sinto uma dor no abdômen que me corrói. Tudo ao meu redor fica preto, mas sinto que as mãos de Nicole me seguram, porque seu tutu encosta na minha pele descoberta pelo vestido. As pessoas param de bater palmas e escuto vozes gritando meu nome, mas não consigo identificar de quem. Meu corpo todo começa a arder. Agora sinto algo pegajoso e denso em atrito com Nicole. Sangue! Calma, eu levei um tiro? Não. Quem faria algo assim comigo? A única pessoa nestes últimos dias que teria coragem o suficiente para mirar uma arma para mim está do meu lado. E é sua voz que escuto, antes de apagar completamente.

"Agora, mais alguém vai ter o que merece e você Clari, vai perder tudo junto ao sangue."


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