domingo, 24 de janeiro de 2016

[Conto] Parte 4 - 365 dias e 2 razões para odiar o primeiro dia do ano


Oi gente, tudo bem? Pra quem veio parar nesse post e não sabe o que está acontecendo.... Estou escrevendo um conto junto com uma amiga e se ainda não leram as outras partes clique aqui.



“Arrumei um quarto exatamente ao lado do seu”, Vitor disse abrindo a porta e me deu um beijo. Eu estava arrumando algumas roupas no armário do meu quarto e deixei um short por cima da mala pra tirar essa calça jeans.
“Já decidiu onde vai me levar, namorado?”, perguntei colocando os braços ao redor do seu pescoço.
“Tenho uma ideia”, ele disse malicioso. Afasto-me dele dando um tapa em seu braço e vou no banheiro trocar de roupa.
Quando chegamos no Rio, a cerca de uma hora e eu apresentei o Vitor ao Caio e vice-versa eles se deram super bem, apesar do fato de que o Caio prometeu arrebentar o Vitor se ele quebrar meu “coração negro” e foi a minha vez de bater nele. Ele pegou um táxi diferente, porque foi direto procurar a Anna e disse que me mandava mensagem quando tudo estivesse no seu devido lugar. Saio do banheiro e encontro o Vitor esparramado na “minha” cama com o MEU celular na mão. Juro que não vou surtar e conto até dez, mas ele me vê e logo se defende.
“Ei, ei. Não sou esse tipo de garoto, ok?”, ele diz largando o celular e me deito na beirada da cama ao seu lado. “Tá, seu celular apitou e só li a mensagem que apareceu na tela por pura curiosidade, até porque tem senha, né? Nem deu pra ler tudo”, olho pra cima e ele está com um sorriso amarelo. Pego meu celular e leio a mensagem da Professora Patrícia.

Aurora! Que trabalho lindo! Gostaria de te dar os parabéns antecipadamente, apesar de já saber a sua nota. Amei a representação da Praça e ainda a inclusão de dois personagens! Fez tudo ficar ainda mais real. Bom fim de ano pra você! Quero muito continuar a trabalhar com você em 2016! Beijos

“Você não faz a mínima ideia do que seja isso né?”, pergunto e ele balança a cabeça sutilmente da direita pra esquerda. Levanto meu tronco e me sento na cama de frente pra ele. Saio das mensagens e vou para as fotos. Abro meu desenho e dou o celular pra ele. “Minha professora de geometria gráfica pediu um trabalho bem real e eu resolvi utilizar ‘aquele’ lugar. Gostei do resultado, já que eu não tinha a mínima ideia do que fazer e quando percebi, a resposta estava a minha frente.”
“Uau. Isso é incrível”, ele diz, admirando o desenho ainda. “Você conseguiu mesmo transmitir todo o sentimento daquele dia. Não sabia que eu tinha uma garota tão talentosa.”
“E ainda bem que no fim das contas, se eu me meter em encrenca, tenho um médico todinho pra me salvar”, provoco.
Ele se levanta para me beijar e aos poucos o Vitor me faz deitar de novo na cama com ele. Depois de um tempo, ficamos só abraçados em silêncio e ao encarar seus olhos de novo sinto como se o conhecesse a vida toda, é uma sensação boa e ele sorri quando vê que o estou encarando. Sinto meu coração duro ficando cada vez mais mole a cada sorriso seu.
“Não tenho nada revelador no meu celular, mas... Regra número um: confie em mim”
“Aquela foto me parecia bem reveladora”, ele me faz rir e me beija em seguida. “Você também pode. Pode não. Deve confiar em mim.” Eu o beijo depois disso e não me importo de passar os próximos dias fazendo só isso já que assim é mais confortável do que naquele avião... Olho para o relógio de novo, quando enfim consigo me separar dele. 18h30min.
“A gente não ia sair?”, digo mostrando meu celular para que ele veja as horas.
“Vamos... Depois de tirarmos nossa primeira foto pra você trocar essa horrorosa de bloqueio do seu celular.” É o Caio e eu. “Você nem vai querer deslizar pra desbloquear o tanto que vai ficar obcecada pela foto.” Ele provoca e não discuto, porque provavelmente vou demorar um pouco mesmo para desbloquear meu celular. Fazemos o mesmo com o celular dele. No meu, ele está mandando língua e eu ao lado piscando o olho esquerdo. No celular dele, é a coisa mais meiga e quando olho mais uma vez com ele me abraçando por trás, percebo que é a minha favorita. “Também gostei dessa.” Ele sussurra no meu ouvido. Eu estou com a cabeça escorada em seu ombro, de olhos fechados, enquanto ele beija o topo da minha cabeça.

***
“Vitor, eu não vou brincar disso!”, replico.
Ele quer jogar “Perguntas e Respostas”, mas quem demorar pra responder tem que enfiar uma rodela de limão na boca. A cidade está bem cheia e estamos em um barzinho perto do hostel. Caminhar de mãos dadas com ele me olhando a cada segundo foi... Sei lá! Melhor do que o gosto de limão. Pedimos duas pizzas já que acabo de descobrir que meu namorado é vegetariano e já economizei uma pergunta!
“Uai, cadê a garota durona dentro de você?”, ele me provoca e enfio um limão na boca só pra revidar. “Eu começo então... Comida preferida?”
“Sorvete”, dou um sorrisinho. “Qual foi sua primeira impressão sobre mim? Há cinco anos?”
“Uma garota que eu poderia não acreditar, mas já estava me apaixonando por ela desde o momento em que a vi.” Sua resposta precisa faz meu coração derreter. “Sobre o que mais sentiu falta em mim durante todo esse tempo?”
“Poderia dizer seus lábios... Mas o modo como cuidou de mim. Mesmo sem me conhecer.” E dou um beijo nele por cima da mesa, já que estamos um na frente do outro.
“Prometo cuidar de você até o fim dos tempos, Aurora”, ele sorri e suspira. “Parece que vamos economizar limões. Sua vez.”
Penso um pouco...
“Música preferida?”
“Sympathy for the devil, The Rolling Stones. E você?”
“Blackbird, The Beatles”, uma lágrima imperceptível passa pela minha bochecha.
“Parece que somos o casal do rock!”, ele finge ter uma guitarra imaginária e incorpora o Mick Jagger na minha frente.
“Toca algum instrumento?”, pergunto.
“Campainha conta?”, nós rimos e ele dá um gole na água que pediu.
“Eu toco piano e um pouco de violão”, digo do nada. Ele se surpreende.
“Acho que você já respondeu a minha pergunta então. E me deve um show particular quando voltarmos, senhorita Reis.” Dou uma piscadela pra ele e pergunto:
“Sem mais cerveja?”
“Hoje não... Quero estar cem porcento sóbrio.” Agora é ele quem se levanta e me dá um beijo. “Já experimentou, enfim?”
Faço uma careta com a pergunta e afirmo com a cabeça enquanto nos lembramos do nosso primeiro “encontro”.
Continuamos o joguinho e descobrimos algumas coisas um do outro, como cor preferida, maior mico da infância, o que odiamos, o nome dos nossos pais, maior desafio pelo qual já passamos até que Vitor tem que comer a primeira fatia de limão quando pergunto de que ele tem medo. As pizzas chegam para preencher nosso silêncio, respeito ele querer deixar isso pra lá e estou prestes a comer minha primeira fatia de pizza quando ele responde.
“Tenho medo de perder quem amo, Aurora e isso não é bobagem. Quando quase perdi meu irmão pra bebida percebi que ser médico era o caminho certo pra mim. Eu quero salvar as pessoas e devolvê-las à vida. Sempre há alguém que sofre quando uma vítima entra pela porta do hospital. É uma dor que quero curar.” Arrasto minha cadeira em sua direção e lhe dou um abraço. Eu nunca poderia ter escolhido namorado melhor para curar a MINHA vida. Eu o beijo e sussurro:
“Você já está fazendo um ótimo trabalho”
Pego meu prato e continuamos a comer, conversando sobre quanto tempo nós ficaremos, o que faremos quando voltarmos para BH e o quanto nosso ano vai continuar o que começamos há cinco anos. AI MEU DEUS é aniversário dele daqui a três dias!!!!!!!!!!!

***
Vitor me deixa no quarto e fazemos o maior drama por termos essa distância “imensa” entre nós. Concordamos que é cedo demais para dividir pelo menos o quarto, porque somos namorados há apenas oito horas e ele disse que eu posso ser uma lunática que o matará com uma faca no meio da noite. Rimos e damos um beijo de boa noite que demora mais do que o esperado e ele diz pra eu ficar pronta cedo para sairmos. Porque ele não quer ficar muito tempo longe e para termos a melhor véspera da véspera de Ano Novo. Não sei se é de propósito, mas ele não faz menção de aniversário.
Entro no quarto e já escuto meu celular apitar.
Vitor: Sonhe comigo <3
Meu coração dá um pulo e respondo:
Aurora: Isso já está acontecendo... Me deixa voltar para o meu sonho, porque não quero acordar... Boa noite!
Vitor: Abre a porta já Aurora!!!
Rio, me desmancho na cama depois de colocar o pijama e realmente sonho com o Vitor e uma ideia para seu presente de aniversário.
***

O dia amanhece nublado e acordo com batidinhas na minha porta. Levanto para abrir e me deparo com um garoto de calça de moletom, mas sem sinal da camisa.
“Bom dia”, digo com um sorriso bobo no rosto enquanto ele fecha a porta atrás dele e tenta me dar um beijo.
“Não, não, não. Devo estar com o pior mau hálito do mundo”, respondo e coloco as mãos em seu peito tentando afastá-lo.
“Não me importo nem um pouco com isso”
“Credo, Vitor”, faço careta, mas ele me pega no colo, começa a me beijar e perde a noção de espaço quando quase caímos no chão. Começo a rir da cara de frustrado dele e dou uma boa olhada de cima a baixo pra ele colocar um sorriso no rosto. Ele volta a me beijar e o puxo para o meio da cama. Consigo sair correndo para o banheiro uns segundos depois e ir escovar os dentes. Escuto uma almofada acertar a porta e o Vitor bufar enquanto escuto a TV sendo ligada.
Volto para o quarto e não encontro o garoto sem camisa que estava logo ali deitado na minha cama.
“Vitor? Oi?”
A porta está trancada por dentro então ele continua no quarto...
“AAAAAA, que susto”, eu grito e ele aparece do lado da porta do banheiro, quase atrás de mim, me faz virar pra ele e me dá um selinho. Pego a almofada que ele jogou uns minutos antes e jogo na cara dele.
“Acho que prefiro seu bafo mesmo, não recebo almofadas...”
“Idiota”, digo e vou pegar uma roupa.
“Coloque biquíni”, ele diz e vai para a porta.
“Ah tá, com certeza vou nadar com esses cinquenta graus que estão fazendo lá fora”
“Te espero aqui no corredor, de biquíni”, ele faz cara de bravo e depois começa a rir.
Coloco um biquíni branco por via das dúvidas e por cima um vestido preto básico com um cinto. Calço uma rasteirinha, mas coloco uma sapatilha e uma jaqueta jeans junto com todas as outras coisas de praia na minha bolsa. Penteio meu cabelo, o deixo solto e vou para o corredor. Sem sinal do Vitor. Fico escorada na parede ao lado da porta dele e pego meu celular para checar as mensagens. Há uma do Caio:

Caca: Aurora, tudo mais que certo! Não consigo sair de perto dessa mulher e sabe o melhor? Ela vai voltar pra BH! Você não será trocada e eu enfim vou ter meu coração de volta. Parece que você acaba de ganhar um Caio apaixonado! Enfim, como estão as coisas? Nos vemos na virada eim? Fogos em Copacabana. Não se esqueça de mim. Você e a Anna precisam se conhecer. Beijo!

Aurora: Que bom!! Tô mega feliz por você! Nos vemos amanhã então... E ah... Tudo ótimo de cá também. Tenha um bom dia, e também te amo, apaixonado! :P Parece que você também ganhou uma Aurora apaixonada, mas isso não vem ao caso agora...

“Apaixonada é?”, dou um pulo no chão quando escuto a voz.
“Que susto, Vitor!”, grito.
“Hahahaha”, ele ri.
“Ah é assim né?”, faço bico.
“É assim o que?”, ele encosta a cabeça na parede e fica me olhando com seus olhos brilhantes.
“Eu digo que tô apaixonada e você dispara a zoar a minha cara”, fico um pouco triste, mas ele pega no meu queixo e me faz olhar pra ele de novo.
“Ei, Aurora. Eu estou brincando ok? Não precisa ficar com neura e pode rir o quanto quiser quando eu disser que também estou totalmente apaixonado por você, tá?”, ele faz com que eu deixe um sorriso escapar e me beija. “Vamos tomar café?”
Não respondo, apenas pego sua mão e vamos em direção às escadas. Aquele dia poderia estar nublado, mas pra mim era o dia mais ensolarado do mundo.
Quando chegamos no salão onde é servido café, os lugares parecem um pouco... Ocupados e Vitor faz a mesma careta que a minha para nenhum lugar disponível, até que uma mulher de uns trinta e poucos anos em uma mesa perto da porta se levanta de sua cadeira.
“Do you speak English?”(Vocês falam inglês?)
“Yeah, good morning”, (Sim, bom dia.) Vitor responde. Uau, namorado bilíngue?
“I see that you two are looking for a table and this place is crowded. My son and me are finishing break fast, you can take our spot”, (Estou vendo que vocês dois estão procurando por uma mesa e esse lugar está lotado. Meu filho e eu estamos terminando o café da manhã, vocês podem pegar nosso lugar.) A mulher de cabelos loiros, num tom um pouco mais claro que o meu, por ser americana claro, percebo pelo sotaque, oferece o lugar carinhosamente.
“Thank you,lady”,(Obrigada, senhora)
“I’m Lisa, by the way. Happy New Year for you, guys. Derek, come on, honey.” (Sou Lisa, a propósito. Feliz Ano Novo pra vocês! Derek, venha querido.) Ela chama o filho.
“Happy New Year for you too. Thank you again”, (Feliz Ano Novo pra vocês também. Obrigada de novo.) Eu digo e Vitor olha pra mim com um sorriso.
Lisa vai embora com um aceno e de mãos dadas com o filho que deve ter uns quatro anos.
“I don’t know you were bilingual, love”, (Eu não sabia que você era bilíngue, amor.) Vitor diz quando ocupamos o lugar de Lisa.
“I had some classes...”, digo, um pouco vaga. “Wait a minute, you call me love in English but you don’t do this in portuguese?”, digo indignada. “You’re such a jerk”, cruzo os braços e ele começa a rir da minha encenação. (Tive algumas aulas... Espere um minuto, você me chama de amor em inglês, mas não faz isso em português? Você é um idiota.)
“It’s more romantic in other language, amor”, (É mais romântico em outra língua.) ele diz a última palavra em português e me derreto. Me dá um beijo antes de ir se servir e não me importo da fome dele ser maior que a minha, já que estou sonhando acordada nesse exato momento. O hostel está sendo melhor do que o esperado.
***

Depois de tomarmos café e irmos pra praia, damos o azar de começar a chover. Vitor quase me jogou na água, mas eu disse que poderia ficar gripada e isso não seria muito legal pra ele... Já que não poderia me beijar se não todos ficaríamos gripados, mas ele não se importou muito. O que o fez desistir foi a sessão de beijos que dei com o motivo de o distrair. Ainda bem que funcionou.
Fomos para o centro encontrar um restaurante no meio desse formigueiro de gente que vieram para o Ano Novo, incluindo nós e à tarde disse que queria olhar “coisas”, que na verdade era o presente dele. Ele também disse que tinha que olhar “coisas” e me deu um beijo no topo da cabeça.
“Você prefere procurar nossas coisas juntos?”, ele pergunta.
“Por mim, tudo bem”, digo. O presente é pra ele de qualquer modo.
Andamos de mãos dadas e sorrindo um pro outro, quando avisto uma loja de fotografias com uma fotocabine. Vitor vê meu olhar cair sobre a loja e me arrasta para dentro. Quando percebo, estamos lá dentro e fazendo as melhores poses enquanto os flashes vão disparando. Quando saímos e pegamos as fitinhas, as fotos ficaram muito fofas. Ele paga e vou em busca de alguma coisa legal dentro da loja. Avisto um porta retrato em formato de avião para pregar na parede e com lugar de escrever recadinhos com caneta e apagar depois. Apesar de simples em comparação com outros presentes tenho uma ideia para deixar esse avião ainda mais lindo. Preciso de uma papelaria. Pego o porta retrato e pago em um caixa do outro lado da loja, longe do Vitor. É mais rápido e consigo colocar dentro da bolsa antes que ele volte. Fico babando por umas polaroides até que conseguimos sair dali.
Passamos na papelaria e o Vitor me pergunta pra que tanto lápis de cor e um papel. Digo que é surpresa e que não tenho culpa se minhas coisas ficaram em BH. Em contra partida, ele me obriga a entrar em uma boutique e experimentar um monte de roupas pra ele. Que definitivamente não fazem meu estilo, mas a cara de cachorro babão que ele faz é impagável. Quando já estou cansada do troca-troca apareço com um vestido azul claro e pareço que estou voando com ele. O vestido é muito leve, curto na frente e com uma calda atrás. Um cinto o acompanha e me olho no espelho. Ele é realmente lindo.
“Perfeito”, Vitor me abraça por trás, me pega na cintura e me rodopia fazendo eu dar uma volta.
“Perfeito para?”, pergunto.
“O Ano Novo”
“Vitor, você tá maluco? Azul?”, digo.
“Branco é um pouco clichê, não é? Além do mais não me importo de um pontinho azul no meio de uma multidão branca. Você é linda e a cor é só uma superstição... A não ser que você já tenha um vestido...”, ele olha pra o alto.
“Hahahaha, idiota. Vou levar então, digo pegando minha bolsa”
“Ei, ei. Quem disse que você vai pagar? Meu presente”, ele me beija e entro no provador para tirar o vestido, enquanto ele vai ao caixa.
Pego minha bolsa depois de sair e encontro com o Vitor e seu sorriso me esperando com a moça do caixa. Dou o vestido a ela, ele paga e saímos da boutique. Voltamos para o hostel e descansamos no quarto dele. Na verdade enquanto ele está entretido com um documentário sobre cobras na TV, eu começo a desenhar. Percebo seu olhar cair sobre o desenho uma hora e um sorriso lindo invadir seu rosto. Sorrio de volta e dou um beijo nele. O incrível é que ele continua a sorrir e não fala nada. Já é tarde e ele diz que vai buscar comida pra gente, já que ambos estamos com um pouco de preguiça de sair daqui, apesar dele se sacrificar e saber que tenho um desenho para terminar.
Antes dele voltar consigo rabiscar o tanto que posso e colorir. Gostei do resultado, mas o de cinco anos atrás continua sendo o meu preferido. Pego o porta retratos na minha bolsa e coloco a imagem minha e do Vitor no avião se beijando pela segunda vez em anos. Pego a caneta e escrevo: “Amor tem asas, voa!” e um coração.
“Pode escrever um eu te amo bem grande aí, mocinha”, Vitor aparece de surpresa.
“Você não vai me assustar mais”, mostro uma língua pra ele, que ri.
“Ah, então é isso que comprou na loja?”
“Acho que não sou tão boa com presentes”, digo enfim e dou o presente pra ele.
“Você é perfeita”, ele diz e coloca o porta retratos no móvel da TV, enquanto me segura pela cintura e me dá um beijo. “Thanks, love”
“Idiota”, eu digo. “E cego”
“Que bom”, ele dá um sorriso e o cheiro de um hambúrguer toma conta da minha cabeça. Saio correndo e ele ri. Comemos e nessa noite é difícil sair do quarto dele, mas não o faço. Apenas dormimos, mas isso ainda é difícil já que ele não consegue tirar os olhos dos meus e os meus não param de admirar seu sorriso.
***
“Pra quem você já está mandando mensagem a essa hora?”, pergunto toda manhosa na manhã seguinte.
“Bom dia, flor da manhã”, Vitor me dá um beijo no topo da minha cabeça já que estou com a cabeça em seu peitoral. “Meu primo acabou de chegar e me mandou mensagem concordando em vir pro hostel também”
“Só isso é?”, pergunto.
“Só isso”, ele diz com a pior cara de mentiroso e me levanto, olhando pra ele. “Tá bom, tá bom. Ele me mandou mensagem antes de embarcar e eu falei sobre... Nós”
“Uhum”, dou um beijo nele e um sorriso.
“Ele vem com a namorada”, ele larga o celular e tira uma mecha do meu cabelo que estava na frente do meu rosto. “O que você vai querer fazer hoje?”
“Recebi uma mensagem do Caio... Quer dizer... Da namorada dele, a Anna. Ela me convidou pra almoçar no apartamento dela, porque parece que eles não estão mais afim de ver os fogos, se é que me entende”, digo maliciosa.
“Ô se entendo”, ele diz e me dá um beijo. “A gente podia se juntar a essa ideia também... Mas... É, eu tenho um primo”, ele ri e completa. “Vou almoçar com eles, então, tem um bom tempo que não vejo o Guto.”
“Precisamos desse tempo mesmo...”, digo dramática. “Vai nos fazer bem. O tempo tudo cura, tudo acalma, tudo resolve”, agora começo a filosofar sentando na beirada da cama e ele me puxa de volta.
“Precisamos de tempo nenhum!”, ele diz bravo e ficamos brincando por um tempo até que finalmente volto para o quarto ao lado, coloco um short e uma blusa rosa cavada, com uma sapatilha preta. Finalmente o sol apareceu. Tomamos café juntos, não encontramos Lisa dessa vez, mas finalmente uma mesa vaga e damos uma volta pela praia. Ou seja, sapatilha toda cheia de areia. Ele me coloca em um táxi depois que o Caio me manda o endereço do apartamento da namorada e vejo o Vitor ficando cada vez mais pequeno atrás de mim com sua bermuda preta e a blusa xadrez aberta na frente que me deixa morrendo de vontade de parar tudo e voltar correndo pra ele.
Mas claro que continuo meu trajeto e um tempo depois avisto um prédio azul com a faixada dourada. A Anna mora no nono andar. Pago o taxista, o porteiro autoriza minha entrada e de repente me deparo com uma baixinha de cabelos ondulados e morenos de olhos azuis cintilantes e uma alegria estampada no rosto.
“Aurora!”, ela me cumprimenta já com um abraço que retribuo. Ela cabe certinho embaixo do meu queixo. Acho que o Caio deve amar abraça-la, já que ele é do meu tamanho.
“Prazer em conhecê-la”, digo de volta.
“Obrigada, Aurora. Por vir com o Caio, por tudo”
“Isso não é nada”, digo e ela me convida para sentar.
Presumo que ela mora sozinha e logo confirma quando se senta ao meu lado e diz que o Caio está tomando banho. O apartamento não é imenso, não é nada extravagante e muito clean. Na estante, em frente ao sofá onde estamos, vejo várias fotografias e livros.
“O Caio me contou que você reencontrou alguém... Fico feliz por você, Aurora”, ela quebra o silêncio que por incrível que pareça não estava nada constrangedor.
“É... A vida deu essa volta de 360° no dia que chegamos que nem acreditei”, digo ainda olhando os vários livros que ela tem. “A gente só encontra amor amor, uma vez na vida né?”, digo, voltando-me pra ela.
“Sim... Quando é amor nosso coração meio que não mora mais no lado esquerdo do nosso peito... Ele já pertence a alguém e só percebemos quando as coisas são complicadas demais”
“É, até as princesas tiveram complicações até encontrarem o felizes pra sempre...”, solto uma risada e Anna me dá um sorriso em troca. “Bom, me conta da novela. O Caio me disse que você é uma excelente atriz”, ela fica ruborizada.
“Hahahaha, só um pouquinho. Foi uma novela da Globo que passou rapidinho que nem vi o tempo passando”, ela responde sonhadora. “Tive até que cantar um pouquinho”
“Olha, ela é talentosa mesmo”, digo animada. “Não assisto novelas... Mas você pode me dar uma palhinha né?”, imploro de brincadeirinha colocando as mãos juntas. Ela começa a cantar What a wonderful world e percebo o quanto é talentosa. Ela nem chega a segunda parte da música, porque o Caio chega e ela tampa o rosto com as mãos, envergonhada.
“Continua, Anna”, ele diz enquanto larga ela e vem me dar um abraço.
“Ei, não pressiona a namorada, bobão”, digo.
Começamos a rir e ele se coloca entre a gente no sofá falando que nem se importa de ficar na Tijuca com a Anna enquanto os fogos estarão a todo vapor na praia. Rio da intenção dele e logo me coloco entre os dois porque não estou afim de ficar de vela como temi desde a cogitação da viagem. Eles riem de mim e a Anna chama para irmos para a mesa, almoçar.
Ela quem fez o risoto de camarão e o Caio se encarregou da salada. Estava tudo delicioso, o papo incrível, a Anna é muito gente boa, estava com saudades do meu melhor amigo, mas a falta do Vitor mexe com o meu coração. Estou dependente, isso não é bom.

Aurora: Eiiiiii, já posso voltar? Estou morrendo de saudades L

Vitor: Ninguém te proibiu :P Pode voltar agora então! Estou andando pela praia com os pombinhos aqui. Meio que estou de vela.

Aurora: Mesma situação aqui. Já vou! <3

“Anna, Caio. Estava tudo delicioso, mas...”
“Tem que voltar para o namorado, a gente entende”, Caio me dá uma piscadela.
“Feliz Ano Novo pra vocês dois. Um ano ainda mais deslumbrante e cheio de amor!”, desejo pra eles.
“Pra você também, Aurora. Obrigada”, diz Anna me abraçando.
“Toma conta direitinho do garoto e diga o mesmo pra ele tá, linda?”, Caio diz me abraçando por cima da Anna e me dando um beijo na bochecha.
“Pode deixar”, digo e enfim desço. Já tinha pedido um táxi e lá estava ele me esperando no trânsito maravilhoso do último dia do ano.
Chego no hostel e o Vitor está na porta me esperando.
“Seu almoço foi bom?”, ele me pergunta depois de me dar um beijo para terminar de derreter meu coração completamente.
“Não tão bom quanto poderia ter sido”, digo passando a mão pelo seu cabelo desgrenhado.
“Essa coisa de vela não é pra gente né?”, ele ri e eu dou um beijo nele em seguida.
“Aurora...”, ele sussurra no meu ouvido.
“O que?”, ele apenas sorri, pega minha mão e me leva para o quarto.
“Cadê seu primo? Ei, calma”, parece que o Vitor está um pouquinho apressado... Olho no meu relógio... São quase quatro horas! Como o tempo passou.
“Eles estão passeando...”
Chegamos no quarto dele e me deparo com todas as minhas... Coisas?
“Vitor”, balanço a cabeça em desaprovação. “A gente tinha combinado de ir devagar”, relembro ele.
“Eu sei, mas... Aonde você dormiu ontem?”, ele olha nos meus olhos e me perco nos dele.
“Tudo bem, isso foi ontem e não aconteceu nada”
“Exatamente, nada. A gente só ficou assim”, ele me abraça mais forte depois de fechar a porta e eu termino de fazer o encontro entre os nossos lábios. “E você acha justo a gente pagar por dois quartos sendo que podemos dividir um?”, ele me olha malicioso e concordo.
“Só dormir, ok?”, digo ameaçando-o.
“Eu não vou fazer nada que você não queira, Aurora”, sorrio e dou um beijo na bochecha dele. Jogo-me na cama dele em seguida.
“Quais são os planos para tão cedo?”
“A namorada do Guto achou que seria legal participarmos de um luau e está louca pra te conhecer... Daí precisamos ir mais cedo né, love”, ele vem engatinhando na cama na minha direção, mas só consigo prestar atenção no amor.
“Tudo bem, vou me arrumar”, digo desviando dele. Vitor fica irado por eu o ter ignorado e vou correndo pro banheiro.
“Pode fugir, Aurora, mas você não pode se esconder”, ele diz com uma voz de assassino.
“Ah, então quer dizer que namoro mesmo um serial killer?”, insinuo e abro a porta do banheiro. Ele dá um sorrisinho e eu retribuo a jogada. “Tudo bem, mas olha a faca!”, grito pra ele que começa a rir de mim, mas vou tomar banho logo.
***
Depois de enrolar bastante e cochilar depois do banho, começo enfim a me arrumar. Passo um batom e marco bem os meus olhos com delineador, solto meu cabelo e vejo o quanto já cresceu desde a última vez que o cortei. Vitor sai do banheiro todo perfumado com uma bermuda branca e uma blusa jeans azul que destaca ainda mais seus olhos brilhantes. Ele vem em minha direção quando percebe que o estou encarando e me pega no colo.
“Cuidado pra não jogar a gente no chão, love”,exalto a última palavra, mas estou claramente gostando dessa coisa de ser carregada. “Já te disse o quanto sou sortuda por ter um namorado lindo”, o beijo. “e gostoso?”, ele ri, mas beija o topo da minha cabeça. Me coloca em cima da cama e pede que eu fique quieta e feche os olhos. “Hmmm, surpresa”, um sorriso invade meu rosto.
Vitor fica calado, então sinto meu cabelo sendo jogado pro lado e algo geladinho sendo colocado no meu pescoço. Ainda estou com os olhos fechados.
“Pode abrir”, diz Vitor me abraçando por trás e me dando um beijo entre meus cabelos.
“Que lindo, Vitor. Obrigada”, viro minha cabeça para vê-lo e ele me beija. O colar é um coração muito delicado e ficou lindo com meu vestido. Dois presentes do meu grande amor.
“Estou começando a ficar envergonhada com meu desenho”, digo e enfio a cara na blusa dele.
“Ei, ei. Pois não fique. Eu nunca vou conseguir ser tão talentoso ao ponto de te desenhar tão bem, além do mais, você é meu presente de Ano Novo. Nós estamos juntos, lembra?”, ele levanta meu rosto e me faz olhar pra ele.
“Você tem um talento ainda maior, Vitor... Você cuida de mim”, juro que vi seus olhos brilhantes ganharem água. Ele se levanta, fica de costas pra mim e diz:
“Está pronta? Vamos para a praia?”
“Falta uma coisa, seu bobão”, digo e o puxo pra mim. Parece um repeteco do nosso primeiro beijo, pois sinto de novo aquela sensação de esperança, amor... Só que dessa vez, ela não vai embora. Nossas mãos se encontram e se entrelaçam enquanto os lábios fazem a mesma coisa. Paramos de nos beijar pra eu pegar minha bolsa e sairmos dali logo. Demoramos mais do que o normal, mas parece que o outro casalzinho também está atrasado.
Vamos para o local do luau, um pouco, muito, afastado do palco onde já está tendo alguns shows. Vitor está tentando ligar para o primo para descobrir onde ele está e só dá caixa postal. Afastamo-nos dali e sentamos na areia. Vitor senta primeiro e me deito na frente dele. Ele fica fazendo cafuné na minha cabeça e olho para o céu que não está muito estrelado, mas daqui a pouco ficará. São mais de onze horas.
Fecho meus olhos e sinto a brisa do mar. Sinto também os lábios do Vitor se aproximando dos meus e sorrio. Abro os olhos e percebo que ele ficou me observando esse tempo todo.
“Você não cansa?”, pergunto.
“Nem um pouquinho”, ele fixa o olhar nas minhas feições e agora olha para a imensidão do mar. “O que quer fazer nos próximos dias, love?”
“Escutar você dizendo love a cada segundo. Pra mim isso basta”, digo e ele volta a olhar pra mim.
“Não sei o que seria de mim se não tivesse te encontrado”
“Um futuro médico que se casaria com uma carioca”, digo.
“Você acha é?”, dou de ombros e me levanto para ficar sentada, de frente pra ele.
“Ou um garoto infeliz que se afogaria no mar”
“Credo, Aurora”, ele faz careta e dou um beijo nele.
“Desculpa, amor”, digo sem reparar muito nas minhas palavras.
“Amor? Amor, Aurora?”, ele faz cócegas em mim e me levanto. Limpo a areia do meu vestido e coloco os braços na frente como um escudo para ele não fazer mais cosquinhas em mim.
“Você tinha me visto no avião? Antes de se sentar?”, pergunto de repente no meio das risadas e ele fica sério.
“Tinha. Desde a entrada. Mas não tinha certeza que era você. Quando guardei minha bagagem de mão que eu confirmei e fiquei irado, porque você estava acompanhada. Mas não era culpa sua, você poderia ter um namorado... Havia se passado tanto tempo e eu fiquei me perguntando se aquele beijo tinha significado alguma coisa pra você... Quando se enfiou na almofada, eu vi que você tinha ficado frustrada por eu não ter te reconhecido, mas logo tratei de cuidar de você de novo”, ele sorri depois do relato e amoleço.
“Fiquei anos tentando sentir a mesma sensação de esperança, liberdade, cuidado e amor, que os seus braços me proporcionaram. Não era nem questão de beijo, era a atenção que você teve comigo...”
“E que nunca vai acabar. Até o fim dos tempos”, ele se aproxima devagar já que estávamos a uns dois metros de distância depois da sessão de cócegas. “Mas agora, eu estava afim de colocar minhas habilidades a prova...”, ele diz com malícia.
“Vitor, não!”, saio correndo porque ele com certeza vai me jogar no mar. Mas o que fazer? Homens são mais rápidos e ele me pegou por trás, me colocando por cima do ombro e comecei a bater as mãos nas suas costas. “Amor, por favor. Não!”
Depois do “não” eu só consegui sentir a água congelando e pelo menos tive forças pra arrastar ele junto comigo. Ficamos jogando água um no outro, apesar do frio e conseguimos nos esquentar quando começamos a nos beijar. Ele me deu um beijo na testa, dei um abraço nele, o Vitor me pegou no colo e saímos do mar. Ele me segurando e eu brincando com ele.
Pegamos nossas coisas na areia e saio correndo em direção ao luau fazendo-me ser um desafio real de Ano Novo pra ele: conseguir me pegar, já que dessa vez consegui alguma vantagem. Olho para o chão para tomar cuidado com algum caco de vidro ou outra coisa que possa me machucar e é no meio de tanta gente no luau, que a vejo. Depois de cinco anos, meus olhos se deparam com a princesa que fez de tudo para me transformar em uma também. A cena em que a encontro é a mais linda de todas e presumo que a Mary esteja prestes a ter um piripaque. O namorado dela, o Guto, está ajoelhado segurando uma caixinha de veludo que pela distância não consigo enxergar, mas com certeza guarda um anel. Ela o beija com tanta paixão em seguida, que constato: minha amiga achou o amor verdadeiro que tanto almejou. Eles caminham para o luau enquanto ela tenta conter as lágrimas e olha para o chão, grudada no agora noivo, tentando se proteger do vento que invade a noite. Esqueço do frio que estou sentindo, porque estou molhada, e só percebo a reação de seu cabelo ao vento igualmente à saia longa de renda que está usando, ambos flutuando. Vitor chega me abraçando por trás e beijando meu pescoço, me deixando ainda mais emotiva. Começo a chorar e ele percebe, mas logo seu olhar encontra o primo e a namorada também. Ele beija o topo da minha cabeça e a Mary enfim para de olhar o chão e olha a frente. Seu olhar encontra o meu.
Ela solta o braço do namorado e vem correndo em minha direção. Vitor me solta e eu corro de encontro a ela sem qualquer controle da situação. Nós duas já estamos com a maquiagem borrada por causa dos homens das nossas vidas. Não custa nada terminar de estragar o resto por uma boa causa: amigas.
“Estava enlouquecida de saudades sua, baixinha”, digo implicando com ela e tentando acabar com meu choro.
“Desculpa por tudo, Aurora. Nenhuma de nós merecia isso. Senti tanta sua falta. Ai credo, você está molhada”, rio.
Continuamos assim por um tempo que não consigo contar, em silêncio, até que escutamos a contagem regressiva.
10...9...
“Feliz Ano Novo, Mary”, digo me afastando dela e olhando em seus olhos. Ela está linda.
8...7...
“Feliz Ano Novo, sua chata”, ela não para de chorar e assim como senti com o Vitor, voltamos no tempo, de onde paramos no último abraço de ano novo que dei a ela. “Parece que toda história precisa de seu final feliz”, sorrio e me lembro de mais um final feliz.
6...5...
“Tenho que fazer uma coisa”, digo sorrindo pra ela e agradeço a Deus mentalmente por ter me dado o melhor ano novo de todos. Não acredito que ele conseguiu me proporcionar uma felicidade concreta. O choro agora é só de alegria. Viro-me e encontro o Vitor e o Guto lado a lado olhando pra nós duas.
4...3...
Corro para o Vitor e agora não vejo mais a minha vida sem isso. Sem seu beijo ou seu abraço, quando finalmente consigo alcançá-lo. Ele me deixa no ar e me gira.
2...1!
“Eu te amo, Vitor. Feliz aniversário”
“Eu também te amo, love
Ouço o barulho dos fogos explodindo, e provavelmente a Mary deve estar fazendo a mesma coisa que eu agora. Mas eu tinha que dizer isso antes que o Ano Novo quisesse brincar comigo hoje. Brincadeiras bastam. Eu quero viver a vida. E ficar a par de cinco anos que eu perdi, tanto da Mary, quanto do “mais do que um simples namorado”: o homem que prometeu cuidar de mim até o fim dos tempos. E como promessa é dívida, ele não está falhando.


***

Acordo assustada com batidas na porta do meu quarto. Levanto da cama e abro a porta, com muita fora de vontade abro os olhos. O Guto está na minha frente com a expressão de quem não sabe se ri ou se fica nervoso e eu continuo ali parada tentando recobrar o meu juízo, quando olho para o chão e vejo minha mala me lembro de tudo. Hoje é o último dia do ano. Deveria ter acordado às 6:30 da manhã para pegar o voo às 7:50 para passar o Réveillon no Rio. E com certeza eu não escutei o meu despertador. Agora, atrasada estou.
Enquanto o meu cérebro trabalha muito para deduzir tudo isso, o Guto já está dentro do meu quarto pegando a minha mala e a minha bolsa e levando para fora. Enfim recupero a minha voz e digo passando a mão nos meus fios rebeldes.
-Ai meu Deus! Não acredito que perdi a hora. Desculpa, amor. Ai Deus. - Corro desesperada para pegar a minha roupa, que garças ao bom Deus, eu já tinha separado ontem, mas dois braços me seguram e me impedem de realizar essa tarefa. Encaro aqueles olhos azuis que deveriam estar furiosos.
-Mary, olha pra mim. Calma! Você se atrasou mesmo, mas nem tanto. Estava te esperando lá na rua desde às 6:15. Quando deu a hora de sairmos toquei a campainha até que a sua mãe acordou e abriu o portão. Agora faltam vinte minutos para sete horas. Se você se apressar, nós conseguimos pegar o avião, mas nada de pânico. Vou levar sua mala para o táxi. Se arruma e vem. Eu apenas concordo com a cabeça e vou me arrumar. Coloco uma calça jeans azul, uma blusa florida e uma sapatilha. Amarro o meu cabelo num rabo e coloco os óculos de sol para disfarçar a minha cara de sono. Pego a minha bolsa e saio. O taxista, que já está a meia hora me esperando, não está com o melhor dos humores, então entro no carro e ele nos leva para o aeroporto.
O aeroporto está ainda pior que o shopping, pessoas andando de um lado para o outro, filas enormes, voos sendo anunciados, pessoas falando, crianças correndo, bebês chorando e toda aquela movimentação característica de final de ano. O Guto fez o check-in rápido e quando entramos na sala o nosso voo já estava sendo chamado, então fomos para o avião.
Depois que a adrenalina já tinha passado, resolvo pedir desculpas mais uma vez, afinal eu quase estraguei a nossa virada.
-Gú, desculpa. Eu quase estraguei a nossa viagem. É que... – ele me faz parar de falar com um beijo.
-Não precisa se desculpar, Mary. Deu tudo certo. E mesmo que tivéssemos perdido o avião eu não ligaria, porque nenhum lugar é bom o bastante se não estivermos juntos. Agora, você quer ou não saber mais sobre essa viagem? – ele diz isso com um sorriso nos lábios, aquele que faz o meu dia melhor, então digo:
-Claro que sim. Agora que decidi curtir essa data novamente, quero saber de todos os detalhes. – Mais que depressa, ele me conta.
-Bom, o meu primo Vitor convidou a gente para ir para o Rio, porque o pai dele disse que ele precisava descansar, já que ele enterrou a cara nos livros desde que passou no vestibular para medicina. Mas, como o pai dele não pôde vir, ele nos chamou. – ele para de falar e olha o celular, parece que recebeu uma mensagem. O rosto dele se ilumina e ele volta a sua atenção para mim. - Não temos nenhum plano. Estamos deixando a vida nos levar. Nós íamos nos hospedar num hotel e sairíamos à noite para ver os fogos e como ele disse, achar uma carioca para fazê-lo esquecer uma garota que ele beijou e conversou 10 minutos no Réveillon de 2011. – ele me explica com um sorriso nos lábios. Então não aguento de curiosidade, pergunto:
-Já entendi os motivos do Vitor, mesmo achando que ele não deveria simplesmente pegar cariocas para esquecer essa garota, já que, ao meu ver, ela é o amor da vida dele. Mas, afinal, de quem era a mensagem?
-Concordo com você, mas ele está deprimido com essa garota há cinco anos, preferi não contrariar. Já que quando encontramos o nosso verdadeiro amor, devemos fazer sacrifícios para conquistá-lo. Mesmo que esses sacrifícios sejam, por exemplo, se tornar melhor amigo da pessoa amada. – ele diz isso sorrindo e cutucando a minha barriga, nos relembrando da nossa história. – A mensagem é do Vitor. Ele me disse que encontrou a garota alta, de cabelo curto castanho claro, olhos negros e corpo violão no voo que ele pegou no dia 29 para o Rio. – quando ouvi aquele retrato falado detalhado da garota, fiquei com ciúme, como assim o meu namorado sabia tanto assim dessa “zinha”? Minha expressão mudou imediatamente e para o meu pesar ele percebeu. – Ei, por que você fez essa cara? Não acredito, que você está com ciúmes? – uma coisa é você admitir a si mesma que está com ciúmes e outra é outra pessoa falar que eu estou sentindo isso. A minha expressão se tornou ainda mais carrancuda. Enquanto tenho a minha crise de ciúmes sinto o avião decolar. Então, digo:
-Ciúmes, Guto? Vê se eu sou mulher de sentir ciúmes. Sou um ser evoluído, faço a egípcia e continuo a minha vida, meu amor. Soberana. – O Guto começou a dar gargalhada do meu argumento nada convincente. Com o tempo as suas gargalhadas me contagiam e rimos juntos da situação. Depois ele trata de me explicar:
-Como você sabe a minha família paterna é de BH. O Vitor é o caçula da minha tia Cristina. Mas sempre se portou como mais velho com o sue irmão Marcelo. Como ele mesmo sempre diz, no Réveillon de 2011 a vida dele mudou. Ele encontrou essa garota na Praça da Estação, ela estava com um vestido sujo e com o rosto vermelho de tanto chorar. Ele conversou com ela e a beijou. Depois disso nunca mais a viu. Ele se culpava por ter perdido a garota. Sei da descrição física dessa menina, porque todas as vezes em que nos encontramos ele falava exatamente o que eu te disse, como um poema. Ele realmente a ama. Ele nunca foi pegador, mas antes de conhecê-la já tinha namorado algumas vezes, mas depois dessa garota ele nunca mais namorou sério, ficou com no máximo três garotas. Ele passou a ser uma pessoa que vive para a carreira, sua vida social foi extinta. – Agora ele tinha a minha atenção por completo. Aquele sim era um amor digno de príncipes e princesas. Que sorte essa garota tem, não estou cobiçando nem nada, apenas constatando um fato. – E antes que o seu lado egípcio me interrompesse, estava falando que ele reencontrou a sua amada no avião. A poltrona deles estavam uma do lado da outra, então eles conversaram e agora estão namorando. – Se isso não é ajuda divina, eu não sei o que é, penso. – Mas essa história de amor, como você mesma diz, atrapalhou os nossos planos. Íamos nos hospedar num hotel, mas como a sua namorada vai ficar num hostel perto de Copacabana, ele também vai. Ele nos convidou para ir pra lá também, o que acha?
-É claro que eu acho uma boa ideia. Eu realmente amei a história desses dois, quero conhecê-los. – digo isso sorrindo.
-Então vou falar para o Vitor fazer uma reserva e me passar o endereço. Fico feliz que tenha gostado da ideia. – Ele guarda o celular alegando que fará isso quando chegarmos e eu apenas o observo bebendo do fato dele estar ali. Ele termina, me olha profundamente e diz. – Agora vem aqui que eu estou com saudade de você. – ele me puxa e cola sua boca na minha, nos beijamos tanto que nem vi o tempo passar.
Quando o avião pousou, eu não estava com a melhor das aparências, o meu cabelo estava desgrenhado e meus lábios vermelhos. Fui até o banheiro e tentei arrumar o que dava. Fiz uma trança nos meus cabelos e passei um gloss na boca para disfarçar o que estava fazendo durante a viagem: beijando muito aquele-que-é-o-homem-da-minha-vida.
Saímos do avião às 8:30. Pegamos um táxi e fomos para o hostel encontrar o Vitor. Quando chegamos lá, ele não estava. Então o Guto fez o check-in e pegou a chave do quarto. Deixamos as nossas malas lá e saímos para passear pelo calçadão. O Guto ligou para o Vitor e combinou de almoçarmos no restaurante ao lado do hostel ao meio dia. Ele estava em algum lugar com a sua tão almejada namorada. Entramos em uma loja para eu comprar um biquíni já que na correria eu havia me esquecido desse detalhe. Acabei ganhando, já que o Guto não me deixou pagar, um biquíni floral de curtininha com a calcinha alta.
Saímos da loja e fomos tomar água de coco, já que o calor do Rio de Janeiro é de matar. Tomamos a água e ficamos olhando o mar, falando sobre coisas corriqueiras e ele me disse que tinha uma surpresa para mim, curiosa que sou disse:
-Ai, eu adoro surpresas, mas você podia me dar dicas. – ele sorri triunfante acertando o meu ponto fraco.
-Eu não vou dizer nada e antes que você insista, nada me fará revelar antes da hora. – diz isso passando um zíper invisível na boca.
-Está bem, vou tentar me controlar. – digo fazendo beicinho, porque sei que ele se comove, mas nada adianta. Então me conformo.
Voltamos ao hostel para trocarmos de roupas e irmos encontrar o casal do qual eu já virei fã, ao saber da história. Abro a mala em busca de uma roupa e confiro se o presente do Guto está lá. Acabo vestindo um short e uma blusa tomara que caia, calço meus chineles e saio. O Guto está na porta do hostel me esperando para irmos encontrar o Vitor e a namorada dele.
Ao chegar no restaurante, deixo que o Guto me leve até uma mesa na parte menos movimentada, lá está sentado um homem de olhos cinza brilhantes, cabelo normal, pele branca e um sorriso que transborda felicidade, mas ele estava sozinho. Guto o cumprimentou e me apresentou:
-Fala aí, cara! Finalmente achou a sua musa? – eles sorriem e se abraçam.
-E aí? Encontrei, e agora nunca mais vou largá-la. – ele diz isso e suspira. Com certeza, ele está apaixonado. O Vitor pareceu finalmente me notar e sorrindo, diz. – E essa garota linda deve ser a sua musa. A garota do parque, a melhor amiga da faculdade, a garota dos olhos mais penetrantes que existem, você é a Mary. – ele diz tudo isso rindo para o Guto, que está ficando vermelho. Acho graça da situação. Me aproximo do Vitor e sem mais delongas dou os três beijinhos típicos dos mineiros e digo:
-Sou eu mesma, mesmo não tendo todos esses adjetivos que você disse. E você é o garoto que perdeu a amada num show de Réveillon há cinco anos e reencontrou o amor da sua vida há dois dias. Você é o Vitor. – rimos da brincadeira e sentamos na mesa.
O garçom chegou para fazermos o pedido. O Vitor fez o seu pedido assim como o Guto, hesitei um pouco, porque a namorada misteriosa do Vitor ainda não tinha aparecido, mas segui o exemplo dos dois. Não me aguentando de curiosidade, pergunto:
-Ô Vitor, onde está a sua namorada? Ela não ia vir almoçar com a gente?
-Na verdade, ela não ia vir almoçar com a gente. Ela veio para o Rio para ajudar um amigo a reconquistar a amada. E hoje, ela foi almoçar com eles.  Espero que tenha dado tudo certo.
-Uma pena ela não poder vir, quero muito conhecê-la. Mas ela está ausente por uma causa nobre. – falo isso e dou um sorriso, admiro muito pessoas que correm atrás do amor, no mundo atual, onde isso é escasso.
-Tenho certeza que você vai adorá-la. Pelo muito que o Guto me falou sobre você, acho vocês duas bem parecidas e vão se dar muito bem. – ele diz isso contribuindo para o aumento da minha curiosidade. Depois de comer, levanto e vou ao banheiro. Na saída há uma mesa que me chamou a atenção. Nela tem vários panfletos e um em especial pode ser o nosso programa de Réveillon. Nesse panfleto está fazendo convite para um luau que começaria às 23h do dia de hoje na praia de Copacabana. Gostei muito, então levo o panfleto para os meninos verem. Chego na mesa e mostro o papel, o Guto de cara fala que gostou da ideia e se todos concordarem, é o que faríamos mais tarde. O Vitor também gostou da ideia e disse que iríamos sim a esse luau. Ele disse ainda que nem ligaria para a namorada já que ela já tinha tido a ele que preferia passar o Réveillon num lugar mais informal, sem uma festa mega produzida, porque ela não gosta muito de festejar a data. Ao ouvir isso, tenho certeza, eu e essa garota seremos grandes amigas. Nos despedimos e combinamos de nos encontrarmos no luau às onze. O Guto me convidou para tomar sorvete, mesmo sabendo que a minha cintura poderia dobrar de tamanho com a quantidade de comida que eu ando ingerindo, concordo por três motivos : primeiro, eu amo sorvete, segundo, é o último dia do ano e no próximo ano eu faço dieta e por último, nunca conseguia dizer não para aquele homem.
Tomamos o sorvete e andamos pelo shopping por um tempo, quando já era noite, voltamos para o hostel, porque para ficar linda, leva tempo. Tomei banho ao chegarmos, vesti a minha roupa maravilhosa e comecei a missão: arrumar a juba e rebocar a cara. Enquanto estou tendo esse trabalho todo o Guto está vendo TV, como eu gostaria de ser homem nessas ocasiões. Eles só precisam tomar banho, vestir roupa, pentear o cabelo e calçar os sapatos. E já estão lindos. Mesmo indignada com a facilidade do sexo oposto me concentro no meu cabelo. Ele é liso, mas hoje resolvi deixá-lo diferente. Pego o meu baby-liss e faço ondas. Depois de fazer metade, me arrependo de ter começado, já que meu cabelo termina no meio das costas e Deus não economizou queratina quando me criou, tenho fios para dar e vender. Junto toda a minha determinação e termino de arrumar o cabelo. Olho no espelho e gosto do resultado, não é nada profissional feito num salão de beleza, mas me agrada.
Essa etapa já foi concluída, então passo para a próxima, a maquiagem. Sei que deveria ter feito a maquiagem primeiro, mas não pretendo fazer nada extraordinário. Passo o primer, corretivo, base e o blush. Quando vou começar os olhos, o Guto me chama.
-Amor, ainda falta muito para você ficar pronta? – ele está encostado na porta me olhando de cima a baixo.
-Só falta terminar a maquiagem e calçar os sapatos. – digo isso enquanto procuro na minha nécessaire e o delineador.
-Ok. Vou tomar banho. – ele entra no banheiro e eu volto toda a minha atenção no que pretendo fazer.
Passar delineador sempre foi um grande desafio. Então me concentro e começo. Um olho já está pronto e sim, está ótimo. Agora o outro, cuidado, momento crítico... Ufa, consegui. Ficaram lindos. Procuro o batom matte que minha mãe me deu no Natal para finalizar a make. Ele é rosa chiclete e me cai bem.
Mais uma etapa concluída, agora vamos à penúltima: acessórios. Pego uma bolsinha com eles e começo a colocá-los. Nas orelhas um brinco com apenas um strass com uma borboletinha pendurada. No pescoço um colar de ouro, que o Guto me dera, o pingente é Magu, o shipper name do nosso namoro. Estava tão concentrada na arrumação que nem vi que o Guto já estava pronto e novamente assistindo TV. Não disse que a vida dos homens é simples?
Pego um par de sandálias camarelos bem simples para arrematar o visual. Olho no espelho e gosto do que vejo. Antes de sair para encontrar o Guto pego o presente. Chego na salinha onde ele está assistindo TV e o chamo, os seus olhos passeiam demoradamente pelo meu corpo e ele diz:
-Nossa, amor. Você está linda. – ele me puxa e me beija. Eu me entrego ao beijo e depois digo:
-Tenho que te entregar uma coisa – ele me olha curiosamente, então estendo o embrulho para ele e digo: - Sei que tecnicamente começamos a namorar depois da meia noite, mas resolvi lhe entregar agora. – ele pega o embrulho e continua me olhando. -  É uma lembrancinha em agradecimento por me fazer a mulher mais feliz do mundo, por me amar incondicionalmente, por me compreender e me apoiar. Eu te amo. – termino de falar e ele me abraça, meus olhos estão marejados. – Você não vai abrir, não?
-Claro que vou, mas não precisava ter gastado o seu dinheiro comigo. – Ele abre o presente e seu rosto se ilumina e ele sorri. Ótimo, ele está feliz, então eu também estou. – Nossa amor obrigado, sempre quis um desses. Marcaremos todos os lugares para onde viajaremos. Eu também te amo. – Ele me beija novamente. – Mas agora vamos a sua surpresa será feita lá fora.
Mais curiosa do que nunca saio do quarto em direção à praia. O céu está pouco estrelado, a lua está refletida no mar grande e iluminada, mas ainda está silencioso já que os fogos ainda não começaram. A praia tem muita gente, a maioria de branco como pede a ocasião. Quando estamos no meio da areia, o Guto para e me olha nos olhos exatamente como na primeira vez que nos vimos. E diz:
-Você disse lá dentro que eu te fazia a mulher mais feliz do mundo, mas há cinco anos você alegra o meu mundo e preenche os meus dias com a mágica dos seus olhos. Fazer parte do seu conto de fadas me faz querer ser sempre uma pessoa melhor, você é a princesa que todo homem gostaria de ter e se você me conceder a honra de poder viver junto com você as suas alegrias, tristezas, incertezas e mágoas eu só tenho a agradecer. Você faz com que tudo faça sentido. E é por isso, que eu quero te fazer esse pedido. – ele se ajoelha e meu coração dispara. – Você poderia me dar a honra de continuar sendo seu príncipe encantado? Quer continuar a me fazer o homem mais feliz do mundo? Quer se casar comigo? – ao ouvir essas palavras, um milhão de cenas me vem a cabeça. Sempre sonhei em ser pedida em casamento como nos filmes das princesas, mas esse pedido não se compara a todos os que eu já vi. Ele é único e o melhor de todos. Meus olhos se enchem de água, mas meus lábios sorriem, então apenas digo.
-É claro que sim. – ele tira do bolso uma caixinha vermelha e pega um anel de dentro dela e enfia no meu dedo. O anel é perfeito, é fino com um brilhante em cima, como eu sempre sonhei. Ele se levanta e quando nos beijamos surge no céu um único e solitário foguete. Está selado, esse é o início do resto das nossas vidas. Entre os beijos, o celular do Guto toca. Ele olha no visor, mas não atende. É o Vitor, que está nos esperando no luau para a contagem regressiva, já que é quase meia noite. Nos abraçamos e vamos andando para encontrar o Vitor e a garota misteriosa.
Quando estamos chegando ao luau, estou de cabeça baixa olhando para o anel e o Guto me chama e me mostra o casal que estamos procurando. Quando olho pra eles, tenho uma surpresa. A garota que estava vivendo o conto de fadas é ninguém menos do que a pessoa mais merecedora, a minha melhor amiga, a Aurora. É ela. Comecei a chorar, o Guto pergunta freneticamente o que está acontecendo, mas eu não ouvia mais nada, tudo se silenciou. Eu estava a poucos metros da minha melhor amiga. Tudo estava em câmera lenta. Então fiz o que desejei nesses anos todos longe dela, corri ao seu encontro para abraçá-la. E o meu mundo voltou a fazer sentido. Eu estava em casa.




Nenhum comentário:

Postar um comentário