segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Menina da Lua

Foto: Reprodução/Pinterest

É mais fácil você se perder do caminho, perder amizades, perder o amor ou perder a chance de fazer tudo de novo. Mais difícil é o que eu perdi. Perdi-me inteira dentro de um mundo que não consegui sair. Perdi a harmonia que eu tinha comigo mesma, depois de ter colocado as necessidades de todos acima das minhas. Perdi quem eu fui, quem eu era, quem eu sou. Perdi minha essência.

Mas na maioria das vezes, sempre que perdemos algo, encontramos. E eu não encontrei, eu fui encontrada. Talvez eu estivesse tão preocupada com as coisas que eu estava perdendo, fui me isolando, me sentindo inútil, que eu nem percebi que eu fui algo que algumas pessoas perderam, e que elas estavam sentindo falta. Foi graças a essa saudade que eu pude ser achada.


-Você andou se escondendo em Marte, Menina?


Elas me perguntaram.



-Não. Eu me escondi na Lua.



Costumava gostar mais dos planetas do que das estrelas ou até mesmo da lua. Porém, eu percebi que eu estava enganada quanto aos meus gostos. Por que ignorar aquela que me ilumina quando eu estou querendo fechar os olhos e acalmar meu coração? Aquela que tem um reflexo perfeito quando olho para o mar ao anoitecer, e que faz um espetáculo juntamente com as bilhões de estrelas e constelações no céu. A lua e suas fases. Seja nova, cheia, minguante ou crescente. Foi nela que eu encontrei uma amiga, um refúgio. Ela conseguia me entender. 



A lua fica sozinha... Brilhando junto com várias estrelas sem nem saber que em um planeta à frente, ela está sendo observada por milhões de pessoas. Suas fases são as consequências do reflexo do sol. As MINHAS fases são as consequências do reflexo das pessoas, o que elas faziam para me tornar uma pessoa diferente a cada dia. Só não me contaram que pessoas vêm e vão, e que com isso meu brilho foi cessando, e eu não queria chegar ao ponto de parar de brilhar e não ter ninguém com quem dividir o que eu tinha. Me senti perdida.



Vi na lua algo com quem eu poderia dividir meus casos perdidos...



-Será que uma estrela há quilômetros de distância pode fazer você brilhar mais forte, Lua? Enquanto uma pessoa, há 384400 km, pode com certeza ME fazer brilhar mais forte?



-Vá embora, Menina. Se existe mesmo essa pessoa, o que ainda faz aqui?



-Ela me decepcionou, foi embora. Perdi meu motivo para brilhar.



-Então encontre outro. Olhe em volta, temos tantos motivos...



A Lua me fez perceber que as pessoas não acabam. Nossos sentimentos é que fazem termos essa sensação de que ficamos distantes de quem amamos... E as pessoas me provaram que atravessariam constelações por mim... Já que sentiram a minha falta, me encontraram e me fizeram perceber que sem alguém para emitir brilho elas também não seriam nada. Sentiram-se perdidas. E eu percebi que estava pronta para finalmente ser encontrada.



Eu nunca deixaria de ser a menina que aprendeu por um momento como olhar em volta e sorrir. Percebi que eu estava enganada e que existem estrelas fixas sim. E o melhor, que eu sempre teria um alguém para me ajudar, seja há milhões de quilômetros de distância mesmo depois de eu tomar o meu caminho de volta à Terra. Eu nunca iria deixar de ser a Menina da Lua, eu só precisava mesmo de alguém para me mostrar que às vezes é preciso colocar o pé no chão.






4 comentários:

  1. Que lindo, que lindo, que lindo!!!
    Tão eu na vida, que tô precisando deixar de ser a Menina da Lua e colocar os pés no chão também!
    Muito lindo <3

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    1. Obrigada Grazielle!! Ah, mas você pode colocar os pés no chão e mesmo assim não deixar de sê-la ;) Obrigadaaaa!! Bjs

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  2. Belas palavras Bell =)
    Que essa menina continue com os pés no chão e ao seu lado, pessoas de bom coração que te encontraram perdida na lua.
    Muito lindo.

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